Neste Artigo
- O Novo Cenário da Redação em 2025: O Fim dos “Modelos Prontos”?
- Macroestrutura vs. Microestrutura: A Base da Nota Máxima
- Passo a Passo: Construindo o Texto Perfeito
- Competência 4: A Coesão como Cimento do Texto
- Erros que Zeram ou Dizimam sua Nota (Atualizado 2025)
- Planejamento: O Segredo dos Aprovados
A redação deixou de ser apenas “mais uma disciplina” para se tornar o verdadeiro divisor de águas em concursos públicos e vestibulares de alta performance no Brasil. Em 2025, a tendência observada nas principais bancas examinadoras — como Cebraspe, FGV e a organização do ENEM — aponta para um rigor técnico sem precedentes. Não basta mais “escrever bem”; é preciso dominar a engenharia textual.
Se você está se preparando para garantir sua vaga este ano, já deve ter percebido que os velhos “modelos de bolo” (templates prontos decorados) estão sendo severamente penalizados. Os corretores foram instruídos a identificar e descontar pontos de textos robotizados, valorizando a autoralidade e o projeto de texto consistente.
Este guia definitivo foi elaborado para desmistificar a estrutura dissertativa-argumentativa, oferecendo um passo a passo técnico, seguro e atualizado com as diretrizes de correção de 2025. Vamos transformar sua escrita em uma ferramenta de aprovação.
1. O Novo Cenário da Redação em 2025: O Fim dos “Modelos Prontos”?
Até meados de 2023, era comum encontrar candidatos que decoravam “esqueletos” de redação — estruturas fixas onde apenas se preenchiam as lacunas com o tema do dia. Em 2025, essa estratégia tornou-se arriscada. Bancas como a FGV (Fundação Getúlio Vargas) e o próprio INEP (para o ENEM) refinaram seus critérios na Competência 3 (Argumentação) e na Competência 2 (Abordagem do Tema).
O foco agora é a fluidez argumentativa. O corretor busca verificar se o candidato realmente reflete sobre o problema ou se está apenas encaixando frases soltas de filósofos famosos sem conexão real com o tema (o chamado “repertório de bolso” descontextualizado). Para alcançar a nota máxima hoje, sua estrutura deve servir ao conteúdo, e não o contrário.
2. Macroestrutura vs. Microestrutura: A Base da Nota Máxima
Para dominar a dissertação, precisamos dividir o texto em duas camadas lógicas. Entender isso é o que separa os candidatos amadores dos profissionais.
A Macroestrutura (O Esqueleto Visual)
Refere-se à organização visual e lógica dos parágrafos. A regra de ouro para um texto de 30 linhas continua sendo a divisão em 4 parágrafos:
- Parágrafo 1: Introdução (apresentação do tema + tese).
- Parágrafo 2: Desenvolvimento 1 (argumento principal).
- Parágrafo 3: Desenvolvimento 2 (argumento secundário ou contraponto).
- Parágrafo 4: Conclusão (síntese ou proposta de intervenção).

A Microestrutura (O Tecido Textual)
Refere-se ao que acontece dentro de cada parágrafo. Cada parágrafo deve funcionar como uma “mini redação”, contendo início, meio e fim. É aqui que entra o conceito de Tópico Frasal, que exploraremos a seguir.
3. Passo a Passo: Construindo o Texto Perfeito
Vamos dissecar cada parte da redação com foco no que as bancas exigem atualmente.
Passo 1: A Introdução Estratégica
A introdução tem uma função única: dizer ao corretor “eu entendi o tema e tenho uma opinião sobre ele”. Evite rodeios. Uma introdução de nota máxima em 2025 segue a fórmula:
Contextualização + Ponte Temática + Tese Explícita
- Contextualização: Comece com um fato histórico, uma citação breve, um dado estatístico ou uma alusão cultural que tenha ligação direta com o tema. Nada de citar “A Modernidade Líquida” de Bauman se você não for explicar a relação exata com o assunto.
- Ponte Temática: Conecte a contextualização ao tema proposto na prova, usando as palavras-chave do enunciado.
- Tese (O Coração da Redação): É a sua opinião central. Ela deve deixar claro quais serão os dois argumentos que você desenvolverá nos parágrafos seguintes. Isso se chama “Projeto de Texto”.
Passo 2: O Desenvolvimento (Onde se Ganha a Nota)
É aqui que a maioria dos candidatos falha. O erro comum é expor informações em vez de argumentar. Expor é listar fatos; argumentar é provar por que esses fatos são relevantes.
Use a estrutura de parágrafo padrão para o desenvolvimento:
- Tópico Frasal (1-2 linhas): Uma frase curta afirmando o argumento central do parágrafo. Ex: “Em primeiro lugar, é notável que a negligência estatal agrava o problema.”
- Repertório Sociocultural (2-3 linhas): Prove sua afirmação com um dado, lei ou conceito. Ex: “Segundo a Constituição Federal de 1988, a saúde é direito de todos, premissa que não se concretiza na prática…”
- Aprofundamento Argumentativo (3-4 linhas): A parte mais importante. Explique o porquê, as causas e as consequências. Use conectivos de explicação (visto que, uma vez que, haja vista).
- Fechamento (1 linha): Uma breve frase conclusiva para o parágrafo.

Passo 3: A Conclusão (Diferença ENEM x Concursos)
Atenção redobrada aqui. O modelo de conclusão varia drasticamente dependendo do seu objetivo:
- Para o ENEM: Exige-se uma Proposta de Intervenção detalhada. Você deve responder: Quem fará? (Agente), O que fará? (Ação), Como fará? (Meio/Modo), Para que? (Efeito) e um Detalhamento de um desses elementos.
- Para Concursos (Cebraspe/FGV): Geralmente, pede-se uma Conclusão por Síntese. Você deve retomar a tese e reafirmar seus argumentos de forma resumida, podendo sugerir uma solução genérica, mas o foco é fechar o raciocínio crítico, não necessariamente “salvar o mundo”.
4. Competência 4: A Coesão como Cimento do Texto
Em 2025, o uso de conectivos (operadores argumentativos) é vigiado com lupa. Não basta espalhar palavras como “portanto” e “todavia” aleatoriamente. Eles precisam fazer sentido lógico.
Dica de Ouro: Utilize conectivos interparágrafos (no início dos parágrafos 2, 3 e 4) e intraparágrafos (dentro das frases).
Exemplos de Operadores para iniciar parágrafos:
- D2: “Sob essa ótica…”, “Ademais…”, “Outrossim…”
- D3: “Por outro lado…” (se for oposição), “Além disso…” (se for adição).
- Conclusão: “Portanto…”, “Depreende-se, logo…”, “Em suma…”
5. Erros que Zeram ou Dizimam sua Nota (Atualizado 2025)
Evite cair nas armadilhas que as bancas prepararam para este ano:
- Fuga ao Tema: Escrever sobre um assunto tangencial. Se o tema é “Os desafios da doação de órgãos”, falar apenas sobre “saúde pública” de forma genérica é fuga parcial.
- Cópia dos Textos Motivadores: Nunca copie trechos da prova. Use os dados para interpretar, mas escreva com suas palavras.
- Monobloco: Texto sem divisão de parágrafos. Isso gera nota zero ou próxima de zero na competência de estrutura.
- Letra Ilegível: Especialmente para o Cebraspe, a estética conta. Se o corretor não entender, ele não pontua.
- Direitos Humanos: No ENEM e em muitos concursos (como carreiras policiais), propostas que ferem a dignidade humana (ex: “bandido bom é bandido morto”) anulam a competência de intervenção ou a prova toda.
6. Planejamento: O Segredo dos Aprovados
Nenhum texto nota máxima nasce pronto na folha de resposta. O segredo é gastar 10 a 15 minutos no Brainstorming e no Roteiro.
Antes de escrever a primeira linha, pergunte-se:
- Qual é o problema central?
- Quais são as causas desse problema? (Essas causas virarão seus argumentos 1 e 2).
- Qual repertório eu tenho que se encaixa legitimamente aqui?
- Qual solução é viável para isso?
Ao responder essas quatro perguntas no rascunho, você garante que seu texto terá progressão textual e coerência, eliminando o risco de “dar branco” no meio da escrita.
Considerações Finais para sua Preparação
Dominar a estrutura da redação dissertativa não é um dom, é uma habilidade treinável. Em 2025, o diferencial competitivo está na capacidade de articular ideias próprias dentro de uma estrutura rígida, demonstrando leitura de mundo e domínio da norma culta. Pratique escrevendo pelo menos uma redação por semana e, se possível, peça para um profissional corrigir. A consistência é a mãe da excelência.
Autor: Prof. Ricardo Mendes é Especialista em Linguística Textual pela Unicamp e consultor de Língua Portuguesa para concursos públicos há mais de 12 anos. Com foco em bancas de alto nível (Cebraspe, FGV e FCC), já auxiliou mais de 5.000 alunos a alcançarem notas de excelência na prova discursiva.