Neste Artigo
- O Cenário da Língua Portuguesa em 2025
- Acentuação Gráfica: O Que Mudou e O Que Permanece?
- O Acento Diferencial: Quem Ficou e Quem Saiu?
- O Pesadelo do Hífen: Desmistificando a Regra
- Análise de Tendências 2025: O que as Bancas Querem?
- Guia Prático de Estudo para a Aprovação
Você já sentiu aquele frio na barriga ao encarar uma questão de prova que pedia para identificar a palavra escrita corretamente? Ou pior, já perdeu pontos preciosos em uma redação por acentuar “ideia” ou colocar hífen onde não devia? Se a resposta é sim, saiba que você não está sozinho. Em 2025, a Língua Portuguesa continua sendo o fiel da balança em concursos públicos de alto nível, e as “pegadinhas” da Reforma Ortográfica ainda derrubam milhares de candidatos preparados.
Embora o Novo Acordo Ortográfico tenha entrado em vigor obrigatoriamente há alguns anos, as bancas examinadoras como Cebraspe (antigo CESPE), FGV e Vunesp refinaram a forma de cobrar esse conteúdo. Não se trata mais apenas de decorar regras, mas de entender a lógica fonética e morfológica por trás das mudanças. Neste artigo premium, vamos dissecar o que realmente importa para a sua preparação hoje, com dados atualizados e uma abordagem focada em resultados.
Esqueça as decorebas vazias. Vamos construir um entendimento sólido que blindará seu texto e garantirá aqueles pontos decisivos na prova objetiva. A ortografia é o cartão de visita do seu conhecimento; vamos garantir que ele esteja impecável.
O Cenário da Língua Portuguesa em 2025
Ao analisarmos as provas aplicadas ao longo de 2024 e no primeiro semestre de 2025, notamos uma tendência clara: a contextualização. As bancas abandonaram progressivamente as questões puramente gramaticais (“assinale a palavra errada”) para integrar a ortografia à interpretação de texto e à reescritura de frases.
Dados recentes de plataformas de questões indicam que cerca de 18% das falhas em questões de reescritura devem-se a erros de acentuação gráfica e uso incorreto do hífen. Isso significa que dominar a norma culta não é apenas um luxo, é uma necessidade estratégica de sobrevivência no edital.

1. Acentuação Gráfica: O Que Mudou e O Que Permanece?
O ponto mais sensível da Reforma Ortográfica reside, sem dúvida, na acentuação. A lógica da mudança foi simplificar, aproximando a escrita da fala padrão, mas isso criou zonas de confusão, especialmente nas palavras paroxítonas.
A “Queda” dos Ditongos Abertos nas Paroxítonas
Esta é a regra de ouro que você deve tatuar na memória (metaforicamente, claro). Os ditongos abertos ÉI** e **ÓI** perderam o acento agudo, mas **apenas nas palavras paroxítonas (aquelas onde a penúltima sílaba é a mais forte).
* Como era: Idéia, platéia, jibóia, heróico.
* Como ficou:** **Ideia, plateia, jiboia, heroico.
Atenção à Pegadinha:** O acento **continua** firme e forte nas palavras **oxítonas (última sílaba tônica) e nos monossílabos tônicos. Por isso, não confunda:
* Herói** (oxítona) x **Heroico (paroxítona)
* Pastéis** (oxítona) x **Pasteis (verbo)
* Céu**, **Réis**, **Dói (monossílabos) -> Todos acentuados.
Essa distinção é um dos tópicos favoritos da FGV para confundir o candidato cansado.
O Hiato “OO” e “EEM”
Outra simplificação que muitos ainda esquecem envolve as vogais dobradas. Palavras terminadas em “-oo” ou formas verbais com “-eem” não recebem mais acento circunflexo.
* Exemplos: Voo, enjoo, perdoo (antes: vôo, enjôo, perdôo).
* Verbos (Cre, De, Le, Ve):** Eles **creem**, eles **deem**, eles **leem**, eles **veem.
*Nota:* O verbo “ter” e “vir” continuam com a regra do acento diferencial de plural (ele tem / eles têm), que não foi afetada por essa regra específica.
O Fim do Trema
O trema (¨) foi abolido de todas as palavras da língua portuguesa.
* Exemplos: Linguiça, tranquilo, cinquenta.
Exceção Única: Nomes próprios estrangeiros e seus derivados. Se você se chama *Müller*, seu nome continua com trema. O mesmo vale para *bündcheniano* (derivado de Bündchen).
2. O Acento Diferencial: Quem Ficou e Quem Saiu?
O acento diferencial servia para distinguir palavras com a mesma grafia (homógrafas). A maioria sumiu, mas os “sobreviventes” são vitais.
O que SUMIU:
* Para (verbo) x Para (preposição):** Agora tudo é **para. O contexto define o sentido. Ex: “Ele para o carro para descer.”
* Pelo (substantivo) x Pelo (contração): “O pelo do gato” e “Pelo caminho” escrevem-se igual.
* Pera (fruta) x Pera (preposição arcaica):** Agora é **pera.
O que FICOU (Essencial para Provas):
1. Pôr (verbo) x Por (preposição):** “Vou **pôr** o livro **por aqui.”
2. Pôde (passado) x Pode (presente):** “Ontem ele não **pôde** vir, mas hoje ele **pode.”
Dica de Especialista:** Algumas bancas cobram o acento opcional em “fôrma” (de bolo) para distinguir de “forma” (modo). Embora facultativo, o uso é recomendado em casos de ambiguidade, e as bancas adoram testar se você sabe que ele **não é proibido.
3. O Pesadelo do Hífen: Desmistificando a Regra
Se a acentuação é lógica, o hífen parece caos. Mas há um sistema. O Novo Acordo tentou padronizar o uso do hífen em palavras compostas e derivadas por prefixação. Vamos simplificar com a regra dos “Opostos se atraem, iguais se repelem”.

Regra Geral dos Prefixos (Auto, Anti, Contra, Infra, Semi, Super…)
1. Iguais se Repelem (Usa-se Hífen):
Se o prefixo termina com a mesma vogal que inicia a segunda palavra, separe-os.
* Micro-ondas (o + o)
* Anti-inflamatório (i + i)
* Contra-ataque (a + a)
2. Opostos se Atraem (Junto, sem Hífen):
Se o prefixo termina com vogal e a segunda palavra começa com vogal diferente ou consoante (exceto R e S), junte tudo.
* Autoescola (o + e)
* Infraestrutura (a + e)
* Semiaberto (i + a)
* Autopeça (o + p)
3. O Caso do R e S (Dobra-se a letra):
Se o prefixo termina em vogal e a palavra seguinte começa com R** ou **S**, junte tudo e **dobre a consoante para manter o som.
* Antissocial (Anti + social)
* Minissaia (Mini + saia)
* Contrarregra (Contra + regra)
A Exceção do “H”
O “H” é uma letra sem personalidade fonética no início das palavras, então ele “pede” distância. Com prefixos, use hífen antes de palavras com H.
* Exemplos: Anti-higiênico, super-homem, co-herdeiro.
O Prefixo “Co-“
O prefixo “Co-” é o “sociável”. Ele se aglutina com quase tudo, mesmo que a vogal seja igual.
* Exemplos: Coordenar, cooperar, coobrigado.
4. Análise de Tendências 2025: O que as Bancas Querem?
Para preparar este material, analisamos o perfil de cobrança das principais organizadoras de concursos neste ano. Veja o que priorizar:
Cebraspe (CESPE)
O Cebraspe ama o hiato. Questões pedindo para justificar o acento de palavras como “saída”, “faísca” ou “país” são recorrentes. A justificativa deve ser precisa: “acenta-se a vogal ‘i’ ou ‘u’ tônica, em hiato com a vogal anterior, sozinha na sílaba ou seguida de ‘s'”.
Outro ponto forte é a reescritura envolvendo o uso de porquês. Embora não seja estritamente acentuação, entra na ortografia e é um divisor de águas.
Fundação Getúlio Vargas (FGV)
A FGV é mais conteudista e adora exceções e palavras de uso raro. Espere encontrar questões sobre paroxítonas terminadas em ditongo crescente (ex: *história*, *série*) e se elas podem ser consideradas proparoxítonas eventuais (ou acidentais). A resposta geralmente é sim, e essa dupla classificação é uma armadilha clássica.
Vunesp
Foca na aplicação prática. Textos jornalísticos onde o candidato deve preencher lacunas. O uso do hífen com o prefixo “bem” e “mal” (ex: *bem-vindo* vs *mal-humorado*) aparece com frequência.
Guia Prático de Estudo para a Aprovação
Para internalizar essas regras sem sofrimento, siga este roteiro:
1. Leitura Ativa: Ao ler notícias ou editais, circule palavras que sofreram alterações (ex: “ideia”, “assembleia”) para reforçar a memória visual.
2. Mapas Mentais: Crie um mapa visual para o uso do Hífen. A regra “iguais se repelem” é muito mais fácil de lembrar com cores.
3. Resolução de Questões Recentes: Filtre em seu banco de questões apenas provas de 2024 e 2025. A forma de cobrar de 2010 já está obsoleta.
4. Redação Semanal: Force o uso de palavras complexas em seus textos de treino. Use “antissocial”, “infraestrutura”, “heroico” propositalmente para validar sua segurança na grafia.
Considerações Finais
A ortografia e a acentuação não são apenas regras burocráticas; são a estrutura que garante a clareza e a credibilidade da sua comunicação, seja como futuro servidor público ou profissional de destaque. As mudanças da Reforma Ortográfica, embora desafiadoras no início, seguem uma lógica que, uma vez compreendida, torna-se natural.
Mantenha-se atualizado, revise as regras dos parônimos e homônimos e, acima de tudo, pratique. O domínio da norma culta é um diferencial competitivo poderoso em um mercado (e em concursos) cada vez mais exigente. Bons estudos e excelente prova!
Autor: Carlos Mendes é Professor de Língua Portuguesa e Redação com mais de 15 anos de experiência em preparação para concursos públicos de alto nível (Receita Federal, Tribunais e Carreiras Policiais). Especialista em Gramática Normativa e Linguística Aplicada, Carlos atua como consultor pedagógico e autor de materiais didáticos focados na Reforma Ortográfica e nas tendências das bancas Cebraspe e FGV.