Neste Artigo
- 1. A Lógica da Concordância Verbal: Muito Além do Básico
- 1.1. O Pesadelo das Expressões Partitivas
- 1.2. Verbos Impessoais: A “Casca de Banana” Clássica
- 2. A Partícula “SE”: O Divisor de Águas
- 3. Concordância Nominal: Detalhes que Salvam Pontos
- 3.1. Adjetivo Posposto a Dois Substantivos
- 3.2. Termos que Mudam de Classe Gramatical
- 4. Casos Específicos e Tendências para 2025
- Estratégia de Estudo para a Reta Final
Se você já perdeu uma questão de Língua Portuguesa por achar que “soava estranho”, mas estava gramaticalmente correto, você não está sozinho. Em 2024, estatísticas de grandes plataformas de questões apontaram que erros de Concordância Verbal e Nominal foram responsáveis por cerca de 35% das eliminações em provas de nível médio e superior.
A verdade dura é que as bancas examinadoras — especialmente gigantes como FGV, Cebraspe e Vunesp — não testam mais apenas a regra básica do “o verbo concorda com o sujeito”. Em 2025, a tendência observada é o foco nas chamadas zonas de vacilação e nos casos especiais que confundem até os candidatos mais preparados.
Neste artigo premium, não vamos apenas recitar gramática. Vamos dissecar a lógica por trás das questões mais difíceis, analisar as tendências cobradas no último Concurso Nacional Unificado (CNU) e prepará-lo para garantir esses pontos preciosos na sua próxima prova. Prepare seu caderno: vamos transformar sua maior fraqueza em sua maior vantagem competitiva.
1. A Lógica da Concordância Verbal: Muito Além do Básico
A regra de ouro diz que o verbo concorda com o núcleo do sujeito em número e pessoa. Parece simples, certo? Mas é aqui que mora o perigo. As bancas sabem que você sabe o básico, então elas investem em distanciar o sujeito do verbo ou usar termos que “atraem” o erro.
1.1. O Pesadelo das Expressões Partitivas
Este é, sem dúvida, o tópico “queridinho” das provas de 2024 e continuará forte em 2025. Quando o sujeito é formado por uma expressão que indica parte de um todo (como “a maioria de”, “grande parte de”, “metade de”) seguida de um substantivo no plural, a gramática moderna aceita duas construções.
- Concordância Lógica (Gramatical): O verbo concorda com o núcleo da expressão (singular).
- Concordância Atrativa: O verbo concorda com o determinante (plural).
Exemplo Prático:
“A maioria dos candidatos desistiu da prova.” (Foco no grupo: maioria)
“A maioria dos candidatos desistiram da prova.” (Foco nos indivíduos: candidatos)
Onde está a pegadinha? Bancas como o Cebraspe adoram perguntar se a substituição de uma forma pela outra manteria a correção gramatical. A resposta é SIM. Porém, fique atento: se a questão perguntar sobre alteração de sentido ou ênfase, a resposta pode mudar, pois o foco semântico se desloca.

1.2. Verbos Impessoais: A “Casca de Banana” Clássica
Se existe uma regra que derruba candidatos experientes, é a dos verbos impessoais. O verbo HAVER (no sentido de existir, ocorrer ou tempo transcorrido) e o verbo FAZER (indicando tempo decorrido ou fenômeno natural) NUNCA vão para o plural.
O Erro Comum:
❌ “Houveram muitos problemas na inscrição.”
✅ “Houve muitos problemas na inscrição.”
Atenção Redobrada: Quando esses verbos formam uma locução verbal, eles “contaminam” o verbo auxiliar, que também deve ficar no singular.
Exemplo de Prova (Nível Difícil):
❌ “Devem haver soluções para a crise.”
✅ “Deve haver soluções para a crise.”
Note que, se trocarmos “Haver” por “Existir”, a regra muda completamente, pois “Existir” é um verbo pessoal e tem sujeito.
✅ “Devem existir soluções para a crise.” (O sujeito é “soluções”).
2. A Partícula “SE”: O Divisor de Águas
Entender a função do “SE” é o que separa os aprovados dos demais. As bancas focam em duas funções principais:
2.1. Partícula Apassivadora (PA)
Ocorre com Verbos Transitivos Diretos (VTD). O verbo DEVE concordar com o sujeito paciente.
- “Aluga-se casa.” (Casa é alugada -> Singular)
- “Alugam-se casas.” (Casas são alugadas -> Plural)
2.2. Índice de Indeterminação do Sujeito (IIS)
Ocorre com Verbos Transitivos Indiretos (VTI), Intransitivos (VI) ou de Ligação (VL). O verbo fica OBRIGATORIAMENTE na 3ª pessoa do singular.
- “Precisa-se de funcionários.” (Quem precisa, precisa DE algo -> VTI).
- NUNCA escreva: “Precisam-se de funcionários.”

3. Concordância Nominal: Detalhes que Salvam Pontos
Enquanto a verbal foca na ação, a concordância nominal foca na caracterização. O grande desafio aqui são os adjetivos que se referem a múltiplos substantivos.
3.1. Adjetivo Posposto a Dois Substantivos
Quando o adjetivo vem depois de dois ou mais substantivos, você tem duas opções:
- Concordar com a soma dos elementos (plural). Se houver gêneros diferentes, o masculino prevalece.
- Concordar apenas com o substantivo mais próximo.
Exemplo:
“Comprou carro e moto…”
Opção A: “…novos.” (Carro + Moto = Masculino Plural)
Opção B: “…nova.” (Concorda com Moto, o mais próximo)
3.2. Termos que Mudam de Classe Gramatical
Palavras como BASTANTE, MEIO, CARO e BARATO podem ser adjetivos (variáveis) ou advérbios (invariáveis). O segredo é a substituição.
- Bastante: Troque por “muitos/muitas”. Se couber, varia.
“Havia bastantes dúvidas.” (Muitas dúvidas -> Adjetivo)
“Eles estudaram bastante.” (Muito -> Advérbio) - Meio: Troque por “metade” (adjetivo) ou “um pouco” (advérbio).
“Tomou meia garrafa.” (Metade -> Adjetivo)
“A candidata estava meio nervosa.” (Um pouco -> Advérbio). Jamais diga “meia nervosa”!
4. Casos Específicos e Tendências para 2025
Analisando os editais recentes e as provas aplicadas no último ano, notamos um refinamento nas questões.
4.1. Silepse: A Concordância Ideológica
Bancas de alto nível, como a FGV, têm explorado a silepse — onde a concordância acontece com a ideia e não com a palavra escrita. Isso é comum em textos literários ou discursos políticos citados nas provas.
Exemplo: “Os brasileiros somos otimistas.”
Gramaticalmente, “brasileiros” é 3ª pessoa, mas o verbo “somos” (1ª pessoa) indica que o autor se inclui no grupo (Silepse de Pessoa).
4.2. “Haja Vista”
Essa expressão gera pânico, mas a regra atual é flexível. A forma “haja vista” é invariável na maioria dos casos aceitos pelas bancas, mas o termo seguinte pode influenciar em construções específicas. Para segurança em provas objetivas: prefira “haja vista” invariável.
- “Haja vista os problemas citados.” (Correto e mais seguro).
Estratégia de Estudo para a Reta Final
Para fixar essas regras, não adianta apenas ler. A prática ativa é fundamental. Recomendo o seguinte ciclo de estudo:
- Identificação: Pegue provas anteriores e sublinhe todos os verbos impessoais e partículas “SE”.
- Reescrita: Tente reescrever frases mudando o sujeito do singular para o plural e veja o que acontece com o verbo e os adjetivos.
- Resolução de Questões por Banca: A Vunesp é mais gramatiqueira (regra pura), enquanto a FGV é mais semântica (sentido). Adapte seu olhar.
Dominar a concordância é dominar a clareza do pensamento. Quando você escreve ou escolhe a alternativa correta respeitando essas regras, você demonstra para o examinador que possui o nível de culta exigido para o cargo público.
Autor: Prof. Roberto Mendes é especialista em Língua Portuguesa para Concursos Públicos e analista de editais há mais de 10 anos. Com foco em desmistificar a gramática normativa, já ajudou milhares de alunos a conquistarem a aprovação em certames federais e estaduais, dissecando o estilo das bancas FGV, Cebraspe e Vunesp.